Toulões é uma freguesia portuguesa do concelho de Idanha-a-Nova, com 36,76 km² de área e 226 habitantes (2021). Densidade: 6,2 hab/km².
É uma aldeia branca rodeada de campos agrícolas situando-se entre a ribeira da Toula e a serra da Murracha e em pleno Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO.
Apesar de não haver consenso, pensa-se que o seu nome deriva da proximidade com a ribeira Toula que nasce para os lados de Salvaterra do Extremo.
Na zona, encontram-se algumas lápides funerárias romanas, uma delas com a seguinte inscrição “Flaco, filho de Gaio, mandou fazer este monumento para si e para Casa, filha de Arau”. Estes nomes são de origem romana e lusitana o que leva a crer que a inscrição ocorreu nesse período.
Toulões tem como orago Santo António que, em torno da sua imagem, gerou uma narrativa (ou lenda) muito antiga, passada no ano de 1844. Reza a história que nos campos de Toulões existia um enorme lobo que devorava os rebanhos e atacava os pastores. Toda a povoação estava aterrorizada, fizeram-se várias montarias e ciladas mas, todas resultaram em vão. Perante tamanha situação, pediram e rezaram a Santo António que se este salvasse a terra do lobo, ofereciam, anualmente, uma grande festa em sua homenagem. Alguns dias mais tarde, apareceram mortos três grandes lobos, regressando a paz à aldeia.
Hoje em dia, a festa de Santo António continua a realizar-se e constitui um dos momentos altos e de alegria para toda a população e Carriçal, um simpático lugar anexo.
Desde a sua fundação e durante muito tempo, o povo de Toulões viveu num regime comunitário, os pastos eram utilizados por todos para apascentar o gado e em conjunto apanhavam a bolota que dividiam por todos. Existiam ainda na aldeia os fornos comunitários onde o pão era ali cozido em troca de uma poia, isto é, uma parte do tabuleiro cozido, que podia ser um pão ou dois. Chegaram a existir na aldeia quatro fornos comunitários e em cada um deles trabalhava uma forneira que aquecia o forno e introduzia o pão e um forneiro que tinha a preocupação de arranjar lenha, para aquecer o forno
Toulões localiza-se na periferia da Reserva da Biosfera do Tejo Internacional, próximo das Termas de Monfortinho, de Penha Garcia e, portanto, do eixo turístico de Monsanto. Na freguesia temos a magnífica campina de Toulões, uma área de importância para as aves onde se podem observar 125 espécies, uma paisagem rural marcante e, é claro, a Serra da Murracha, um Sítio de Importância Geológica do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO, onde em zonas sombreadas de azinheiras e outros carvalhos cresce a magnifica “Rosa Albardeira” uma peónia com flores rosa-intenso, reunindo as condições necessárias para ser o abrigo da preciosa Rosa-Albardeira.
Esta espécie com nome científico Paeonia broteri tem a particularidade de existir no mundo apenas na Península Ibérica, de ser rara por estar adaptada a um tipo de solos rico em sílica e de precisar da sombra protectora dos sobreiros e das azinheiras e de ter um período de floração de apenas duas semanas, após o qual a planta desaparece. Toulões tem todas estas particularidades por isso quer ser a primeira “Aldeia da Rosa Albardeira” em Portugal.
A Rosa-Albardeira faz parte de um grupo de plantas conhecidas como as Peónias. Existem cerca de 40 espécies de Peónias conhecidas na bacia mediterrânica e no Extremo Oriente. Há mais de 4000 anos que as Peónias são símbolo cultural na China e do Japão, aplicadas na medicina oriental e na medicina medieval europeia. São também uma flor de grande importância económica, com mais de 140 variedades conhecidas, sendo a Holanda o seu principal produtor com 50 milhões de bolbos vendidos anualmente. A Rosa-Albardeira, representa assim, não apenas um testemunho do Património Natural, mas também uma oportunidade de negócio.
Toulões formalizou uma parceria com Lorsch, cidade “Peónia” Património da Humanidade, famosa pelo jardim das Peónias, localizado na zona histórica da pequena cidade alemã próxima de Frankfurt, Toulões esteve já presente a participar na celebração do Pentecostes no mercado de rua desta cidade, promovendo Toulões e os produtos da nossa região, entendemos o potencial económico das Peónias, onde havia plantas em vaso a serem vendidas por valores próximos dos 100 euros, mas também os milhares de visitantes e turistas que afluíam a esta pequena cidade para visitar o Jardim das Peónias em flor. Este foi o primeiro passo para a internacionalização de Toulões – Aldeia da Rosa-Albardeira, mas também uma oportunidade de aprendizagem. A Rosa-Albardeira de Toulões foi plantada com sucesso nos jardins de Lorsch e está hoje em flor a representar Toulões entre centenas de outras Peónias daquele jardim. Desta mesma forma germinou uma estratégia de desenvolvimento para Toulões baseada numa parceria internacional que entende desenvolver projectos candidatáveis a fundos europeus.
Toulões passou a organizar a Festa da Rosa-Albardeira que já vai na sua terceira edição superando os objectivos esperados, não apenas pelo número crescente de expositores e de participantes, que excedeu em 7 vezes a população da freguesia, graças ao empenho da organização conjunta da Junta de Freguesia, do Município de Idanha-a-Nova e do Geopark Naturtejo, assim como do reforço dos canais de promoção.
Tivemos a visita de Jutta Weber, coordenadora do Geoparque Mundial da UNESCO de Bergstrasse-Odenwald e da parceria “Peonia” que une hoje Toulões a Lorsch e ao Monte Lushan na China, assim como a Dr. Marie-Luise Frey, directora de Messel Pit Património da Humanidade e uma das pioneiras do movimento dos geoparques no mundo, do qual Toulões faz parte por se inserir no território do grande Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO. Elas divulgaram a parceria através de um expositor na Festa e apresentaram os seus exemplos no Colóquio Internacional “Rosa-Albardeira, a Oportunidade para Toulões”, naquele que foi o primeiro evento internacional do género na história de Toulões e que, com 100 participantes, tendo a mais velha 94 anos, demonstrou bem o consenso existente sobre a esperança que a Rosa-Albardeira traz para Toulões de criar novas oportunidades de desenvolvimento.
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